sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Crítica sobre o filme Crepúsculo (por Pablo Vilhaça)

Dirigido por Catherine Hardwicke. Com: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Nikki Reed, Ashley Greene, Jackson Rathsbone, Kellan Lutz, Peter Facinelli, Cam Gigandet, Elizabeth Reaser.



Edward Cullen tem um problema: embora profundamente apaixonado pela jovem Bella, ele evita beijá-la por temer que a intensidade do momento vá levá-lo a desejar algo mais da garota, que, igualmente apaixonada, certamente permitiria que ele a penetrasse – mas Edward sabe que, depois de começar, não conseguiria se obrigar a retirar a tempo, indo até o final e trazendo sérias conseqüências para ambos. Ah, sim: quando digo “penetrar” e “retirar”, estou me referindo às presas de Edward, que é um vampiro. No entanto, se você interpretou o que escrevi de maneira errada, não se preocupe: Crepúsculo usa, sim, sua trama de amor vampiresca como uma metáfora óbvia do desejo sexual adolescente e da necessidade imperativa de se praticar a abstinência.



(“Imperativa”, claro, de acordo com o roteiro escrito por Melissa Rosenberg a partir do best-seller de Stephenie Meyer, já que, particularmente, não tenho a menor ilusão quanto a eficácia desta pregação junto aos adolescentes, que estariam mais bem servidos com aulas sobre métodos anticoncepcionais e de prevenção a DSTs.)



Mas divago: dirigido por Catherine Hardwicke (Aos Treze, Jesus – A História do Nascimento), Crepúsculo acompanha a adolescente Bella (Stewart), que, obrigada a mudar-se para a pequena cidade do pai, logo se torna bastante popular em sua nova escola – que, apesar de atender a uma cidade com apenas 3.120 habitantes, é imensa, conta com aparentemente centenas de alunos e, claro, é convenientemente diversificada em seu corpo estudantil, exibindo asiáticos, negros, latinos e qualquer outra minoria que faça os produtores se sentirem orgulhosos de si mesmos por sua visão globalizada. Sentindo-se pouco à vontade perto do pai (por motivos que o filme jamais procura esclarecer), Bella tem seu interesse despertado por Edward (Pattinson), um rapaz pálido e arredio que vive com os vários irmãos adotivos numa casa localizada nas montanhas. Contudo, ainda que obviamente encantado pela moça, Edward insiste que não devem se aproximar – algo que ele reforça de maneira curiosa ao procurá-la durante o almoço na cantina apenas para repetir, embora ela tivesse mantido a distância exigida. Esta dinâmica se repete dezenas de vezes ao longo da projeção até que, finalmente, Bella descobre por que Edward a teme tanto – o que, claro, não impede que ele continue a dizer que deveriam se afastar embora jamais o faça. Rapazinho confuso, este.



Uma espécie de Harry Potter pouco imaginativo e excessivamente água-com-açúcar para adolescentes românticas (Pattinson, curiosamente, interpretou Cedrico Diggory em O Cálice de Fogo), este Crepúsculo também se passa num mundo com elementos fantasiosos, concentrando sua narrativa em uma escola e investindo num protagonista deslocado, apelando até mesmo para sua versão pobrinha do quadribol: no caso, uma partida risível de “baseball vampiro”. Enquanto isso, os Cullen percorrem os corredores e a cantina do colégio olhando de baixo para cima, ameaçadores, sem que ninguém jamais questione a palidez cadavérica de toda a família (ou talvez todos percebam se tratar de uma maquiagem incrivelmente artificial que não se preocupa sequer em cobrir direito os pescoços e membros dos tais vampiros). Aliás, por que os imortais Cullen ainda freqüentam a escola depois de centenas de anos? Certamente não é para disfarçar sua verdadeira natureza, já que chamam mais atenção do que se simplesmente se mantivessem distantes de todos ou se alegassem receber educação particular – principalmente em função do fato de faltarem à aula sempre que o dia está ensolarado. Ou talvez eles tenham dificuldade em trigonometria e simplesmente não consigam passar de ano.



Mais preocupado em se estabelecer como galã do que como ator, Robert Pattinson é auxiliado em sua tarefa pela diretora Catherine Hardwicke e pelo ótimo compositor Carter Burwell, que, não à toa, investe num crescendo romântico assim que Edward é visto pela primeira vez com sua pele pálida, as sobrancelhas cuidadosamente desenhadas, os lábios destacados por batom e o cabelo milimetricamente despenteado (ele deve passar horas diante do espelho, despenteando o cabelo. Ainda bem que, como imortal, tem todo o tempo do mundo.). Infelizmente, como ator, Pattinson se revela um belo adorno, já que, além de inexpressivo, suas tentativas de atuar soam embaraçosamente ruins – com destaque para a cena em que, ao perceber que sua estratégia para enganar o vilão não funcionou, ele aparentemente investe numa piscada estranha para evocar todo o desespero do personagem ao dizer: “Ele mudou de direção!” (um momento que, por contraste, transforma Keanu Reeves em Marlon Brando).



Por outro lado, Kristen Stewart, uma atriz interessante, faz o que pode para transformar Bella numa figura tridimensional, sendo constantemente sabotada pelo roteiro de Rosenberg (que se saiu muito melhor na série Dexter, diga-se de passagem): obrigada a atuar em cenas constrangedoramente expositivas – como na montagem em que “deduz” que Edward é um vampiro, repetindo várias “pistas” em voz alta -, Stewart ainda é levada a protagonizar um draminha artificial com o pai, magoando-o propositalmente apenas para “protegê-lo” (o problema, aqui, é ela não precisava realmente magoá-lo; esta é apenas uma estratégia barata do filme para tentar criar algum conflito dramático, fazendo-me lembrar daquelas cenas em que alguém tenta afastar um cãozinho e, para tanto, finge detestá-lo, atirando pedras e por aí afora. Infelizmente para Crepúsculo, o pai de Bella não se chama Benji nem Lassie.).



Estes conflitos implausíveis, aliás, formam a base das tentativas do filme em criar algum tipo de tensão ou incerteza quanto ao final – e, como já dito, freqüentemente Edward diz para Bella que não podem ficar juntos apenas para, na cena seguinte, voltar a procurá-la para repetir sua decisão. Isto atinge o auge da artificialidade numa cena ambientada num quarto de hospital, quando, depois de ouvir o amado falar pela milésima vez que devem se afastar, a moça protesta apenas para escutar, em resposta, que o outro realmente não consegue se manter distante – ignorando, assim, o que acabara de dizer. E o que posso falar do vilão, um vampiro caçador que só é apresentado ao espectador com 80 minutos de projeção (e, mesmo assim, surgindo como o menos interessante do trio ao qual pertence)? Possivelmente introduzido na trama depois que a roteirista (ou a autora do livro, que não li) se deu conta de não ter criado um único antagonista, o tal James (Gigandet) é um estereótipo de vampiro mau que passa a caçar a mocinha sem nenhuma razão aparente – e se a resposta para esta obsessão se encontra no livro, o erro permanece, já que o filme deveria se sustentar sozinho.



Abusando das câmeras lentas e de planos que beiram o ridículo em sua obviedade (como aquele em que a mocinha compra um livro e, então, vemos o balconista entregando o volume com uma mão e pegando o dinheiro com a outra, como se temesse ser roubado), Catherine Hardwicke ainda peca por não perceber a qualidade pedestre dos efeitos visuais que retratam a velocidade e a força dos vampiros e que seriam mais apropriados a uma produção de tevê da década de 70. E o que dizer de diálogos como “Então o leão se apaixonou pelo cordeiro”, que parecem ter saído de uma fotonovela?



Embora ganhe alguns pontos pelo conceito interessante da família de vampiros que tenta levar uma vida razoavelmente normal ainda que a simples visão de sangue humano pareça levar seus integrantes a um quase frenesi, Crepúsculo merece mesmo distinção por sua profunda incoerência: apesar de roteirizado e dirigido por mulheres a partir de um livro escrito por outra, o filme é surpreendentemente machista ao transformar em heroína uma garota disposta a abrir mão de tudo para seguir um homem, abandonando família, seus projetos pessoais e até mesmo a vida apenas para poder contar com o privilégio de ser a esposa de um macho-alfa.



Ao que parece, Bella nunca ouviu falar de Betty Friedan ou mesmo de Simone de Beauvoir. Mas, pensando bem, talvez isto seja apropriado, já que as adolescentes que gritam histericamente ao ver Robert Pattison também não

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Juiz Indeniza Empregado Acusado de Ladrão

Um juiz do trabalho de Campina Grande - PB, condenou recentemente uma empresa distribuidora e Pneus a indenizar um empregado acusado de ladrão. O empregado sofreu um acidente de trabalho em seu primeiro mês na empresa. A mesma responsabilizou-se pela cirurgia do empregado, bem como a custear as despesas médicas do mesmo. A compensação era feita da seguinte forma: O empregado comprava os remédios indicados pelo médico e enviava a nota fiscal à empresa para ser ressarcido do valor. Quando ainda gozava de auxílio doença o empregado recebeu ligação do Gerente da empresa que o acusou de ter adulterado uma nota fiscal, chamando-o claramente de Ladrão. Após cessar o auxílio doença o empregado voltou ao trabalho, sendo, porém, rechaçado pela diretoria da empresa que o demitiu, mesmo estando este no período estabilitário. O fato gerou repercussão tanto na empresa como fora dela, haja vista que a ligação recebida pelo empregado foi ouvida por vizinhos utilizando este do viva voz. Os empregados da empresa comentaram o fato com empregados de outra empresa do mesmo ramo. O magistrado considerou rescindido o contrato bem como condenou a empresa a pagar ao empregado, além das verbas decorrentes da extinção do contrato, uma indenização pela demissão no período de estabilidade, bem como uma Indenização pelos danos morais causados ao empregado por conta da acusação de Ladrão. Essa indenização foi arbitrada pelo juiz em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).